sábado, 20 de junho de 2009

Impressão de um tricolor

Ao saber que um amigo, que como eu é um "quase jornalista", ía ao Morumbi, pedi pra que ele escrevesse algo sobre o jogo.
São paulino, Thiago Borges sabe muito sobre a história do São Paulo e, sempre que pode, comparece nos jogos da equipe.

Vale a pena ler...

O SENTIDO DE TORCER
Por Thiago Borges
Não vou analisar mais um péssimo jogo do São Paulo em 2009 (como virou praxe nesta temporada), nem a classificação MERECIDA do Cruzeiro, tampouco a tática covarde de Muricy Ramalho, ao entrar com 2 zagueiros e 4 (!) volantes em um jogo onde a vitória era o único resultado para o time seguir na Libertadores. Também não pretendo falar da fase horrível em que jogadores já experientes se encontram, como Hernanes, Washington e Jorge Wagner. Sou torcedor fanático pela equipe das três cores e quero refletir sobre o extra campo, mais precisamente, a torcida que lotou o Morumbi nesta quinta. Como alguém que, independente do momento do clube, comparece ao estádio, acredito que posso expressar minha indignação, se não com todos, perante a maioria dos 52809 presentes ao Cícero Pompeu de Toledo.

O dicionário Michaelis de língua portuguesa diz que torcer, no campo dos esportes, é desejar a vitória de um grupo desportivo, gesticulando, gritando etc. Ontem foi a prova de que a torcida são-paulina não sabe o significado deste verbo. É muito fácil se esgoelar antes do jogo, no momento em que o time entra em campo. Difícil é quando a bola rola, as coisas não andam e a equipe precisa do apoio da massa. Muito duro e triste falar isso, ainda mais pelo fato da diretoria se vangloriar de ser o clube cujo número de seguidores mais cresce no país...

Não entra na minha cabeça alguém comprar ingresso, deslocar-se até a Zona Sul, muitas vezes atravessando a cidade, para “assistir” uma partida de futebol. Este tipo de torcedor podia ficar em casa, ver o jogo do conforto da poltrona. Ao menos, ajudaria mais seu time do que permanecer calado e de braços cruzados, enquanto acontece o jogo mais importante do ano.

Torcida, na minha modestíssima opinião, deve gritar, empurrar, incentivar e se descabelar, com o único intuito de motivar os jogadores a ganhar a partida. Talvez isso não mude o placar em nenhum lugar do mundo, mas faz uma diferença incrível. Diferença que os são-paulinos não souberam fazer contra o Cruzeiro.

Precisávamos de apenas um gol. UM GOL. No começo do jogo, até que estavam todos animados. Porém, com o passar dos minutos, o time não atacava, os mineiros mantinham a posse de bola e o público se aquietava. Estes cidadãos não percebem que é na hora dura, no passe errado, na jogada que não dá certo, o momento da torcida fazer o que dela se espera: torcer. Todos sabem que o SPFC não está em um bom momento e, ainda assim, todos vão ao estádio somente para cornetar. É frustrante olhar para os lados, ver a organizada cantar de forma tímida (tendo que parar e prestar atenção para saber qual música é entoada por eles) e as pessoas ao seu redor quietas, como se assistissem a um espetáculo teatral.

E o detalhe mais inquietante: a competição era a Libertadores, aquela que todo são-paulino adora dizer ser a mais amada, mais esperada. Sinceramente, não sei o que aconteceu nesta quinta-feira, 18 de junho. Tive o prazer de estar presente ao Morumbi em um dos momentos mais incríveis de minha vida, nos inapeláveis 4 a 0 sobre o Atlético-PR em 2005. Não acredito que, após 4 anos do terceiro título continental, o perfil do torcedor tenha mudado e piorado a ponto de se mostrar sem emoção em uma ocasião importante como contra o Cruzeiro.

Além da diretoria, comissão técnica e jogadores repensarem o que ocorre com o time, seria bom a torcida refletir sobre seu comportamento opaco nas arquibancadas.
FIM
Thiago Borges escreve diariamente para o http://www.cinefilia.net/

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