terça-feira, 30 de junho de 2009

Tempo: essencial para o bom viver

Não sou nenhum especialista em psicologia infantil e nem de longe estudo o assunto, mas, na toada da morte de Michael Jackson, podemos fazer uma rápida análise sobre algo que aconteceu na vida dele e que acontece em outros segmentos, como o futebol, o mundo televisivo e até nas nossas próprias vidas: a alta carga de responsabilidade depositada em crianças e a falta de tempo que elas tem para viver a infância.

Michael nasceu em uma pobre família de negros americanos. Com grande talento para a música, ele e seus irmãos foram descobertos pela gravadora Motown, a mesma que lançou Diana Ross e Stevie Wonder. Os Jackson Five, como eram chamados, fizeram enorme sucesso a partir do final dos anos 60 e tinham como vocalista justamente o pequeno Michael, com apenas 8 anos de idade, mas com voz e presença de palco marcante.

O problema é que o pai dos garotos, que na época era extremamente ignorante, surrava-os quando achava que eles não tinham mandado bem nos shows. Agora, imagine a cabeça de uma criança, no alto de seus medos, descobertas e inocência, já sabendo que carregava nas costas a saúde financeira de toda a sua família? E mais, se ele fracassasse, seria surrado!

Saindo um pouco do caso do chamado Rei do Pop, ao olharmos bem, veremos outras histórias, não tão trágicas, mas parecidas com essa. No futebol, por exemplo, ninguém entendeu a atitude de Adriano, quando deixou de se apresentar na Inter para passar alguns dias na favela em que nasceu. Lá, empinou pipas, conversou com amigos e fez coisas que o profissionalismo precoce no futebol o impediu que fizesse.

E enquanto ele fazia isso, a mídia e nós perguntávamos “como ele pode fazer isso? Ele tem o emprego dos sonhos de quase todo homem, casas luxuosas, mulheres, carros, contratos publicitários...”. Pois é, para nós, que tivemos todas as etapas da vida respeitadas, é difícil entender. Agora pra quem, desde cedo, se torna responsável pelo sustento de várias pessoas, não é tão fácil assim. Muitas vezes, o dinheiro e o sucesso não são capazes de superar as máculas de uma infância interrompida.

Aproveito para citar mais um caso do tipo, como o de Macaulay Culkyn, astro precoce dos cinemas que estrelou filmes como “Meu Primeiro Amor” e “Esqueceram de mim”, sucesso nos anos 90. Após a infância com grande exposição na mídia, ele teve uma juventude complicada, com brigas judiciais entre seus pais para ver quem tomaria posse de sua fortuna de aproximadamente US$ 17 milhões.

Voltando agora ao assunto da semana, a morte de Michael Jackson, fica claro, pelo menos para mim, que a exploração de seu pai, a extrema exposição na mídia desde cedo, a falta de oportunidade de viver como uma criança comum, somadas a aparente deficiência psicológica para lidar com tudo isso, foram predominantes para que ele se transformasse em algo tão bizarro.

Suas atitudes anormais e compulsivas, o isolamento da imprensa, as cirurgias plásticas infames e a paixão doentia por crianças – que para mim era loucura e não pedofilia –, foram resultado de um trauma vivido desde a infância.

Por isso, a ação movida pelo Ministério Público de São Paulo contra o SBT, pelo excesso de horas trabalhadas pela menina Maysa, pequena apresentadora de televisão, foi louvável. Medidas como essa podem evitar que anomalias futuras sejam sentidas por pessoas que não tiveram a infância respeitada.

Após essa pequena análise de fatos, digo que não devemos, em hipótese alguma, nos negar a conceder, a cada momento, o tempo que lhe é devido. Famosos e crianças que pedem esmolas no farol são vítimas típicas disso, mas nós, “seres normais”, devemos cuidar para não deixar que esse mal nos atinja. E agora não falo especificamente da infância, mas de tudo. Pensadores e a própria Bíblia diz isso:
“Tudo é precioso para aquele que foi, por muito tempo, privado de tudo.” Friedrich Nietzsche

“Quem mata o tempo não é assassino, mas sim suicida.” Millôr Fernandez

“O homem que tem coragem de desperdiçar uma hora do seu tempo não descobriu o valor da vida.” Charles Darwin

"Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou; tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar; tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar; tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar; tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora; tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar; tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz." Eclesiastes 3 de 1 a 8 (Bíblia)
Mediante a isso, aproveite cada momento de sua vida. Mesmo que ele pareça ser sem importância ou irrelevante. Digo isso, pois a vida não lhe dará nenhuma outra chance de viver esse momento novamente.

sábado, 20 de junho de 2009

Ricardo Gomes é o novo técnico do São Paulo


Rapidamente a diretoria acertou com o treinador, que já passou por Bordeaux, Paris Saint German e Monaco, seu último clube.

O acerto foi feito ontem e o contrato foi assinado hoje pela manhã.

No Brasil ele treinou clubes como Juventude, Fluminense e Coritiba, além da Seleção pré-olímpica que não se classificou para os Jogos de Atenas.

LINK: http://www.gazetaesportiva.net/nota/2009/06/20/584785.html

Novas enquetes

O Inter tem condições de reverter o resultado feito pelo Corinthians na quarta-feira?

Quem Chegará a final da Libertadores, Gremio ou Cruzeiro?

Essas são as duas novas enquetes desse blog. Do lado direito de sua tela você pode expressar sua opinião.

Impressão de um tricolor

Ao saber que um amigo, que como eu é um "quase jornalista", ía ao Morumbi, pedi pra que ele escrevesse algo sobre o jogo.
São paulino, Thiago Borges sabe muito sobre a história do São Paulo e, sempre que pode, comparece nos jogos da equipe.

Vale a pena ler...

O SENTIDO DE TORCER
Por Thiago Borges
Não vou analisar mais um péssimo jogo do São Paulo em 2009 (como virou praxe nesta temporada), nem a classificação MERECIDA do Cruzeiro, tampouco a tática covarde de Muricy Ramalho, ao entrar com 2 zagueiros e 4 (!) volantes em um jogo onde a vitória era o único resultado para o time seguir na Libertadores. Também não pretendo falar da fase horrível em que jogadores já experientes se encontram, como Hernanes, Washington e Jorge Wagner. Sou torcedor fanático pela equipe das três cores e quero refletir sobre o extra campo, mais precisamente, a torcida que lotou o Morumbi nesta quinta. Como alguém que, independente do momento do clube, comparece ao estádio, acredito que posso expressar minha indignação, se não com todos, perante a maioria dos 52809 presentes ao Cícero Pompeu de Toledo.

O dicionário Michaelis de língua portuguesa diz que torcer, no campo dos esportes, é desejar a vitória de um grupo desportivo, gesticulando, gritando etc. Ontem foi a prova de que a torcida são-paulina não sabe o significado deste verbo. É muito fácil se esgoelar antes do jogo, no momento em que o time entra em campo. Difícil é quando a bola rola, as coisas não andam e a equipe precisa do apoio da massa. Muito duro e triste falar isso, ainda mais pelo fato da diretoria se vangloriar de ser o clube cujo número de seguidores mais cresce no país...

Não entra na minha cabeça alguém comprar ingresso, deslocar-se até a Zona Sul, muitas vezes atravessando a cidade, para “assistir” uma partida de futebol. Este tipo de torcedor podia ficar em casa, ver o jogo do conforto da poltrona. Ao menos, ajudaria mais seu time do que permanecer calado e de braços cruzados, enquanto acontece o jogo mais importante do ano.

Torcida, na minha modestíssima opinião, deve gritar, empurrar, incentivar e se descabelar, com o único intuito de motivar os jogadores a ganhar a partida. Talvez isso não mude o placar em nenhum lugar do mundo, mas faz uma diferença incrível. Diferença que os são-paulinos não souberam fazer contra o Cruzeiro.

Precisávamos de apenas um gol. UM GOL. No começo do jogo, até que estavam todos animados. Porém, com o passar dos minutos, o time não atacava, os mineiros mantinham a posse de bola e o público se aquietava. Estes cidadãos não percebem que é na hora dura, no passe errado, na jogada que não dá certo, o momento da torcida fazer o que dela se espera: torcer. Todos sabem que o SPFC não está em um bom momento e, ainda assim, todos vão ao estádio somente para cornetar. É frustrante olhar para os lados, ver a organizada cantar de forma tímida (tendo que parar e prestar atenção para saber qual música é entoada por eles) e as pessoas ao seu redor quietas, como se assistissem a um espetáculo teatral.

E o detalhe mais inquietante: a competição era a Libertadores, aquela que todo são-paulino adora dizer ser a mais amada, mais esperada. Sinceramente, não sei o que aconteceu nesta quinta-feira, 18 de junho. Tive o prazer de estar presente ao Morumbi em um dos momentos mais incríveis de minha vida, nos inapeláveis 4 a 0 sobre o Atlético-PR em 2005. Não acredito que, após 4 anos do terceiro título continental, o perfil do torcedor tenha mudado e piorado a ponto de se mostrar sem emoção em uma ocasião importante como contra o Cruzeiro.

Além da diretoria, comissão técnica e jogadores repensarem o que ocorre com o time, seria bom a torcida refletir sobre seu comportamento opaco nas arquibancadas.
FIM
Thiago Borges escreve diariamente para o http://www.cinefilia.net/

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Tricolor é eliminado e Muricy cai


Vinha pra casa pensando no que escrever sobre a derrota Tricolor. O texto estava praticamente esquematizado em minha cabeça, com título e tudo. Mas ao chegar e abrir a internet, a notícia que você também pode ler no link abaixo desse texto me surpreendeu. Muricy foi demitido! Mas, antes de falar sobre isso, vamos ao jogo...

Contrariando suas próprias percepções, esse blogueiro disse aqui mesmo que o São Paulo era favorito para o jogo de ontem contra o Cruzeiro. Apostava na tradição são paulina dentro da competição, mas o futebol carioca já nos ensinou que tradição não é maior do que bom futebol. E esse ano o bom futebol anda longe do CCT da Barra Funda.

Entrar com dois centroavantes de área, como Washington e Borges, sem os bons cruzamentos de Jorge Wagner me causou estranheza. A opção por Eduardo Costa ao invés de Hernanes, que daria mais poderio ofensivo ao time, também. É notório que Jorge Wagner e Hernanes não estão bem, mas encarregar o jovem Marlos, que nem no Coritiba era titular, como único responsável pela criação não me pareceu à opção mais inteligente. Menos inteligente ainda foi à escalação do marcador e nada ofensivo Eduardo Costa, expulso infantilmente aos 43 do primeiro tempo, em uma partida onde só a vitória interessava.

E foi assim, estranhamente montado com: Denis; Renato Silva, André Dias e Richarlyson (isso mesmo, como terceiro zagueiro); Zé Luis, Eduardo Costa, Jean, Marlos e Junior Cesar; Borges e Washington, que o São Paulo sofreu sua quarta eliminação (em 2006 perdeu o título para o Inter) para times brasileiros na competição.

Os gols de Henrique e Kléber, em pênalti batido após expulsão de André Dias aos 35’ do 2º tempo, somente sacramentaram o que já vinha se escrevendo no decorrer da temporada. O Cruzeiro soube aproveitar o momento tricolor, tocou muito bem à bola, foi taticamente perfeito e mereceu a classificação sobre o apático São Paulo.

Ao terminar o jogo, a caça as bruxas começou. Muricy, Hernanes, Washington, diretoria...procurava-se um culpado. E Juvenal encontrou: foi o Muricy! Pelo menos é o que parece, já que ele foi demitido, junto com seu auxiliar Tata, essa noite. A equipe do Morumbi será dirigida por Milton Cruz no clássico contra o Corinthians.

As recentes escalações esquisitas do ex-técnico são paulino, juntamente com a ausência dele num importante treino, como era o de terça feira, mostram que o problema era sério. É curioso o técnico conhecido pela frase “isso aqui é trabalho meu filho!”, deixar de ir trabalhar por causa da alegada gripe. Assim como não da para entender como um dos melhores treinadores do Brasil, tricampeão Brasileiro e vice em 2005, escalaria times dessa maneira. Parece que problemas de relacionamento com direção e jogadores tiveram total interferência nesses dois casos.
WASHINGTON

O atacante, que disse no inicio do ano que recompensaria com gols a eliminação nas quartas de final da Libertadores do ano passado, além de não cumprir o prometido, mostrou grande falta de profissionalismo ontem a noite.

Segundo repórteres da Rádio Bandeirantes e matéria publicada na página 21 do Diário Lance!, o jogador, que foi substituído no intervalo do jogo, já estava arrumado e caminhava irritado para o seu carro aos 20 do 2º tempo. Alertado por funcionários do clube sobre o sorteio do exame antidoping, permaneceu no estádio, contrariado, até o fim da partida.

Realmente algo de errado acontece no São Paulo, pois cenas como essa não são comuns no clube.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

A vantagem é boa, mas não garante nada


Com o apoio da Fiel e aproveitando os desfalques do enfraquecido Inter, o Corinthians fez 2 a 0 no Pacaembu e construiu uma boa vantagem para o segundo jogo, dia 1º de julho, em Porto Alegre.


A partida começou de forma eletrizante e foi assim até o fim. Depois de conter uma breve pressão alvinegra, os gaúchos tentavam manter a bola em seu campo de ataque. Eram melhores quando Jorge Henrique fez bela jogada pelo meio, tocou na esquerda para Marcelo Oliveira, que depois de deixar Danilo Silva pra trás, devolveu a bola para Jorge Henrique estufar a rede Colorada.


No segundo tempo, aos 8 minutos, após rápida falta cobrada – o Inter reclama que na cobrança a bola estava em movimento, o que é ilegal – Ronaldo, o decisivo, aproveitou passe de Elias, ganhou de Índio e após curto drible bateu rasteiro no “primeiro pau”, explodindo a casa corintiana em festa.


Depois do segundo gol o Inter pressionou e levou perigo. Taison, que sentiu falta de Nilmar e D’Alessandro, hora tabelava com Andrézinho e hora, sozinho, levava perigo a Felipe, que por sua vez teve atuação sensacional. Ele fez duas grandes defesas, uma cara a cara com Taison e outra em cobrança de falta de Andrézinho, garantindo assim o resultado para o Timão.


Agora faltam apenas 90 minutos para a tão esperada conquista corintiana. Para os colorados, serão 90 minutos de loucura total atrás dos tentos que podem lhe garantir o segundo título de seu centenário. Mas é importante dizer que nada está decidido. O Gigante da Beira Rio estará lotado, o Inter vai contar com aqueles que o desfalcaram ontem e tem futebol capaz de reverter à vantagem. O Corinthians conta com sua principal arma, o contra-ataque. O equilíbrio da equipe de Mano e a experiência de seus comandados também serão importantes para não deixar esse título escapar.


O Colorado precisa de uma vitória por 3 a 0. Caso leve gol, a vitória terá que ser por 4 gols de diferença.


DESTAQUE


Não posso deixar de ressaltar a grande partida feita por Marcelo Oliveira. Ele ficou quase dois anos sem jogar por estar lesionado, teve, inclusive, o risco de ter uma das pernas amputadas devido a uma infecção rara. Retorno melhor seria impossível!

Nem Felipão salvou

Um dia após comemorar os 10 anos de sua maior conquista, a Taça Libertadores da América de 1999, o Palmeiras foi eliminado da mesma competição. O empate sem gols era suficiente para garantir a classificação do Nacional, e assim foi.

Os conselhos dados ontem por Luis Felipe Scolari, o comandante do citado título, durante a merecida homenagem prestada ontem a ele pela diretoria do Verdão, não foram suficientes para o time de Luxemburgo sair do Uruguai classificado.

Porém, os torcedores alviverdes não podem acusar seu time de omissão. O Palmeiras pressionou, tentou o gol a todo o momento, mas a redonda teimou em não entrar. O gol do covarde, entretanto competente Nacional, aqui no Palestra, foi preponderante para a eliminação verde.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Semana Decisiva

Estamos entrando em uma semana de decisões para diversos clubes do país. Palestrinos, corintianos, colorados, tricolores paulistas e cruzeirenses, se forem doentes como eu, passaram esse feriadão desejando que os dias passassem rápido para ver o jogo do seu time de coração. E ele está cada vez mais próximo!

Os primeiros a sofrerem - ou não - são os palmeirenses. O Verdão entra na "cancha" (já aderindo ao clima de Libertadores) uruguaia às 19:10h da quarta-feira para o segundo jogo contra o Nacional. A primeira partida foi 1 a 1, e a equipe do Parque Antártica precisa de uma vitória simples ou de um empate com mais de um gol para cada lado, para ir as semis.

O Nacional é um time tradicional - e só - e seu maior trunfo é poder jogar ao lado de sua torcida, que lotará o lendário Centenário de Montevidéu. A equipe não conta com nenhum grande talento individual, mas no primeiro jogo aparentou ser dotada de grande disciplina tática. Já o Palmeiras sofre de seu problema crônico desde que Luxa assumiu o time: as exibições irregulares. Isso não quer dizer que o torcedor tem motivos para não acreditar, já que ele se complicou em jogos fáceis e venceu os improváveis. Lembram-se da partida na primeira fase contra o Sport, na Ilha, e da vitória épica contra o Colo-Colo em Santiago? Os tricolores uruguaios são os favoritos, mas qualquer resultado é possível.

No mesmo dia só que mais tarde, às 21:50, Corinthians e Inter começam a disputar a final da Copa do Brasil. O Timão não joga bem desde que foi campeão paulista. Ele sofre com o desgaste de seus jogadores e com a má condição física de Ronaldo, que voltou a engordar. Prova disso foi a classificação contra o Vasco no Pacaembu. A equipe sofreu para empatar com o time de Dorival Junior, quarto colocado da Segundona.

O Inter não contará com Nilmar e Kléber, que estão na seleção junto com André Santos, do Corinthians. Outro problema é D’alessandro, que está contundido e é dúvida para o jogo do Pacaembu (mas creio eu que ele vai jogar). O Colorado, na minha humilde visão, é o favorito. Cabe ao Corinthians utilizar sua competência tática, a experiência de seus jogadores e o apoio da Fiel para conseguir um bom resultado na quarta e ir bem encaminhado para o último jogo, daqui a duas semanas e meia, no Gigante da Beira Rio.

São Paulo e Cruzeiro são os últimos a entrarem em campo, na quinta-feira às 21:50. O tricolor do Morumbi precisa de uma vitória. Qualquer outro resultado da a classificação aos mineiros, que ganharam a primeira de 2 a 1.

A favor do São Paulo pesa a única boa atuação do time nos últimos 3 meses, justamente contra o Cruzeiro, na vitória por 3 tentos a 0 dentro do Morumbi, no Brasileirão. Nada mais do que isso, já que o futebol tricolor este ano está sofrível.

O Cruzeiro apresenta um futebol vistoso, mas aparenta fragilidade defensiva e falta de experiência. Em outras palavras, falta “pegada de Libertadores” para os celestes. O São Paulo é o favorito, não pelo seu futebol, mas por ter mais tradição no campeonato, ser mais experiente e também por decidir em casa.

Sorte daqueles que não torcem por nenhum desses times. Eles vão ver três jogões sem sofrer nada.

domingo, 14 de junho de 2009

Para aqueles que amam

Aproveitando a passagem do “Dia dos Namorados”, vou deixar o futebol um pouquinho de lado para falar sobre algo que assim como ele, também meche – e muito – com nossas emoções: o amor.

Meu avô paterno, que infelizmente faleceu no final de 2007, deixou uma vasta coleção de livros de variados temas. Minha família resolveu doar todos eles para a criação de uma biblioteca que levará o seu próprio nome (Josué Nunes de Lima), mas pude separar alguns para mim. Um deles chama-se Figuras do Brasil: 80 autores em 80 anos de Folha. Trata-se de uma coleção de 80 crônicas de 80 renomados escritores, jornalistas, políticos, médicos, artistas e outros notáveis que já escreveram para o jornal.

Foi lendo esse livro que conheci um dos melhores textos que falam sobre o amor. Escrito por Nelson Rodrigues, ele é melancólico, um pouco triste, mas reserva no seu final um sábio conselho para aqueles que amam. Leiam com atenção, pois vale a pena...

AMOR QUE MORRE (Por Nelson Rodrigues)

"1 - Amigos, estou batendo esta crônica e, ao mesmo tempo, ouvindo uma valsa linda, que o rádio do vizinho está tocando. Identifico a melodia. É uma valsa que não envelhece e que se chama 'Quando Morre o Amor'. Sempre a ouço com encanto e, mesmo, com uma certa mágoa. O que é bonito dói na gente. E só não concordo com o título. Nenhum amor tem, ao morrer, esta doçura evocativa, esta melancolia dilacerada. O título da valsa deveria ser: 'Quando o Amor Nasce'.


2 - Eis a verdade: o amor que morre não deixa nenhuma nostalgia, e eu diria mesmo, não deixa nada. Ou por outra: deixa o tédio. O que nos fica dos amores possuídos e passados é simplesmente o tédio, talvez o ressentimento, talvez o ódio. Abominamos o ex-ser amado. Intimamente, nós o acusamos de ter destruído o nosso sonho. E vamos e venhamos: que coisa atroz é o amor que deixou de sê-lo. Mas o que eu queria dizer é o seguinte: há um equívoco na valsinha nostálgica.

3 - Eu diria, ainda, que a morte de um amor é pior do que a morte pessoal e física. Só uma coisa espanta: que se possa sobreviver a um amor. Eu me lembro de um vizinho que tive, na minha adolescência. Era um rapaz igual a milhares, igual a milhões. De uma larga e irresistível simpatia humana. O seu 'bom-dia' não era polidez, mas amor. Pois bem, um dia, esse rapaz ama. Foi uma paixão de vizinhos. Aconteceu, então, o seguinte: ele entregou-se ao amor, pôs no amor a generosa totalidade do seu ser.

4 - Mas enquanto ele fazia um amor de ópera, com um certo halo de tragédia, a menina era superficial, uma frívola ou, como nós chamamos convencionalmente, 'uma cabecinha de vento'. Ela não sentia, no seu romance, o peso do sonho. Até que, uma tarde, na cidade, o rapaz a vê, de passagem, num táxi, com um homem casado. O que houve, nele, antes da dor, foi o espanto. Disse para si mesmo: 'Ela me trai. Eu sou traído". E o pior é que não sofria. Voltou para casa com a alma vazia de desespero. Essa impossibilidade de sofrer foi o mais duro dos castigos.

5 - Que faz o rapaz? Chega em casa, tranca-se. E, diante do espelho, mete uma bala na cabeça. A princípio, todos deduziram: 'Matou-se por amor.' Depois, entretanto, descobriram, em cima da mesinha, um bilhete. Lá estava escrito: 'Morro porque deixei de amar'. A rua, um bairro ou a cidade sentiu, nessas palavras finais, uma espécie de canto da solidão infinita. Eis a verdade: quem experimenta o verdadeiro amor já não sabe viver sem ele."

"6 - Cabe então a pergunta: pode-se saber quando um amor morre ou, por outra, quando um amor começa a morrer? Nem sempre são as grandes causas que liquidam o amor. Às vezes, ou quase sempre, o que decide é a soma de pequeninos motivos. Um incidente mínimo pode valer mais que um insulto grave, uma ofensa mortal. Por exemplo: um bate-boca. Eu vos digo que é no primeiro bate-boca que o sentimento amoroso começa a morrer.


7 - Contei, aqui mesmo, nesta coluna, o caso daqueles namorados da Tijuca (da Tijuca ou de Haddock Lobo, não me lembro bem). Era um amor de novela, de filme. 'Nasceram um para o outro', diziam. E era tal o agarramento que, certa vez, no cinema, o vaga-lume incidiu sobre eles a lanterna. Houve, ali, um pequeno escândalo, felizmente abafado. Mas como eu ia dizendo: todo mundo estava convencido de que nada alteraria aquele amor, assim na terra como no céu. Até que, uma tarde, ele tem uma pequenina impaciência com a bem-amada, e deixa escapar um 'não chateia'.

8 - parece pouco. E foi muito, foi tudo. Essa interjeição ordinária, essa expressão vil era uma mácula definitiva. Naquele justo momento, o amor adoeceu para morrer. Todos os fracassos matrimoniais vêm da soma - repito - da soma de todos os 'não chateia', de todos os 'não amole', que vamos largando pela vida. A mulher que é simplesmente chamada de 'chata' teria preferido uma ofensa mais grave e brutal.

9 - Eu sempre digo que não é na recepção do Itamarati que devemos ser perfeitos. Não. Devemos reservar o melhor de nós mesmos, de nossa delicadeza, de nossa cerimônia, de nosso charme, para a mais secreta intimidade do lar. É menos grave chamar de 'chato' um embaixador, um ministro, do que o namorado, a noiva, a esposa, o marido. Se respeitássemos o nosso amor, não seríamos tão solitários e tão malqueridos."

FIM

A crônica acima foi a última que ele escreveu. Segundo a própria Folha de São Paulo, no mesmo dia em que foi publicado o texto, 20 de dezembro de 1980, o jornal estampava sua capa com a manchete “Morre Nelson Rodrigues”.

Um fato muito curioso é que Nelson Rodrigues, autor de peças importantíssimas para a nossa dramaturgia, como Toda nudez será castigada (1965), disse no alto de sua irreverência que “toda mulher gosta de apanhar” e que “todo homem adora ser traído”. Porém, nos últimos dias de sua vida, escreveu que "quem experimenta o verdadeiro amor já não sabe viver sem ele".

Lembrem-se: “Devemos reservar o melhor de nós mesmos, de nossa delicadeza, de nossa cerimônia, de nosso charme, para a mais secreta intimidade do lar. É menos grave chamar de 'chato' um embaixador, um ministro, do que o namorado, a noiva, a esposa, o marido”.

Feliz dia dos namorados, com um pouco de atraso, a todos.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Juventus completa 85 anos

Escrevi uma matéria para a faculdade sobre a história do Clube AtléticoJuventus, um dos times mais queridos de São Paulo.

Resolvi reproduzi-lá para vocês.


O TIME DA MOOCA

A história do Juventus, um clube de origem humilde, que se tornou conhecido no país inteiro

Fundado de maneira oficial no dia 20 de abril de 1924, o Clube Atlético Juventus comemora esse ano o seu 85º aniversário. Ele é mais antigo, por exemplo, que o São Paulo Futebol Clube, uma das três maiores equipes de futebol da capital paulista. E é justamente por vitórias em cima dos gigantes da cidade, popularmente conhecidos como “trio de ferro”, que se tornou conhecido e querido não só no bairro, mas em toda a cidade.

Criado a partir da fusão de dois tradicionais times de várzea da Mooca, o Extra São Paulo e o Cavalheiro Crespi FC, resolveram usar o vermelho, preto e branco, do Extra São Paulo, como cores do novo uniforme. Como os dois times eram formados, em sua maioria, por funcionários da antiga fábrica de tecidos da família Crespi, adotaram primeiramente o próprio nome da empresa, chamando-se então Cotonifício Rodolfo Crespi FC.

Sediada na Rua Taquari - onde hoje está o Hipermercado Extra -, a estamparia foi fundamental na história juventina. O italiano Rodolfo Crespi, dono da indústria, era um amante do futebol. Por isso deu total apoio à criação da equipe, cedendo inclusive um terreno na antiga Alameda Javri, atual Rua Javari, para a construção do estádio.

Também foi idéia de Crespi, em 1930, que o clube mudasse seu nome para Clube Atlético Juventus. A princípio ele queria que o uniforme fosse alvinegro, aos moldes do Juventus Football Club, tradicional time italiano da cidade de Turin. Mas como Corinthians, Santos e os extintos Ypiranga e São Paulo da Floresta já usavam essas cores, escolheram o grená e branco.

NASCE O MOLEQUE TRAVESSO
Ainda em 1930, totalmente repaginado, o time deixou de ser um vitorioso do futebol amador para ganhar manchete no cenário nacional. Em seu primeiro Campeonato Paulista da Divisão Principal, o Garoto - como era conhecido -, venceu o poderoso Corinthians no estádio do Parque São Jorge por 2 a 1, gols de Nico e Piola.

Nesse momento surgiu o apelido que até hoje nos remete ao Juventus, criado a partir das palavras do jornalista do jornal A Gazeta Esportiva, Tomaz Mazzoni. Ele disse que a vitória juventina foi uma “travessura de um moleque que ousou vencer um gigante em seus próprios domí­nios”. Desde então, o Juventus passou a ser conhecido como o Moleque Travesso.

Vencer o Corinthians no alçapão da Rua São Jorge era considerado um grande feito para um time de bairro. Mas o Juventus não se contentou e aprontou outras travessuras. Uma delas foi sagrar-se a primeira equipe a levantar uma taça no Estádio Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu.

O Torneio Relâmpago do Pacaembu, disputado em 1940, foi organizado pela prefeitura de São Paulo, e comemorava a estréia do estádio municipal. Disputado contra Santos, Portuguesa e Hespanha, o caneco foi levantado pelo time grená, que bateu seus três adversários. A final contra a Lusa, foi vencida por 3 a 0, gols de Ferrari, Danilo e Neves.

MUDANÇA ESSENCIAL
Durante a década de 50, o Juventus passou por um dos momentos mais difíceis de sua história. A família Crespi, grande mantenedora da entidade, resolveu se afastar da diretoria por desentendimentos internos. Sem investimentos e com medo fechar as portas – algo que aconteceu com importantes equipes da época, como o Ypiranga e o São Paulo da Floresta -, o clube entendeu que deveria criar outros meios de sobreviver.

Foi aí que Roberto Ugolini, importante presidente do Juventus entre 1958 e 1974, lançou o projeto da criação de um clube social. A atitude visionária ia de encontro com a constante evolução da Mooca, um bairro que ostentava prosperidade e um alto nível de famílias residentes. Por meio da compra de títulos dos associados, a então nova opção de lazer da Mooca, se tornou a maior fonte de renda do clube, com uma área na Rua Juventus – nome dado em homenagem a entidade - de aproximadamente 80 mil m², ampla estrutura e que atualmente conta até com escola de idiomas. Esse fato foi essencial para que o Juventus se mantivesse vivo até hoje.

Morador do bairro desde que nasceu, Ernesto de Paula Schivicci, de 75 anos, lembra-se bem dessa época. “Estava com quase 30 anos quando comprei o título familiar no recém-inaugurado clube do Juventus. Lá passei inúmeros finais de semana com a minha família e tenho orgulho de ser sócio até hoje, junto com meus filhos, netos e bisnetos”.

Ele também explica a relação dos moradores da Mooca com o time de futebol. “Muitos moradores simpatizavam por algum time popular, como o Palmeiras, que tem ligação com a nossa colônia italiana. Mas o coração de todos aqui no bairro era e deve ser sempre do Juventus”. Saudosista, afirma que na época a população acompanhava mais a equipe, mas diz que ainda hoje a torcida comparece aos jogos. “Tem uma garotada que sempre está no Estádio da Javali apoiando o time”.

AMOR ETERNO
Embora Schivicci ache que a torcida do Juventus não comparece da mesma forma que antes, esse grupo citado por ele dedica-se a ir a todas as partidas do Juventus, dentro ou fora de São Paulo. A trupe, conhecida como Setor 2, em alusão ao setor do estádio em que se reúne para ver os jogos, canta e pula durante o tempo todo.

Foi com o apoio deles que o Juventus conquistou recentemente o que o próprio clube classifica em sua página na internet como o mais importante título ganho por eles no século XXI: a Copa Federação Paulista de Futebol, competição que garantiu uma vaga inédita para os juventinos na Copa do Brasil de 2008. A final foi disputada contra o Linense, time do interior paulista, em dois jogos.

Naquele domingo de 27 de novembro de 2007, a equipe grená poderia perder por até um gol de diferença para ser campeã, já que havia ganho o primeiro jogo em Lins. Não se falava em outra coisa nas ruas da Mooca que não fosse o jogo.

A partida começou com o estádio lotado, eram 9000 pessoas apoiando o Moleque Travesso. Aos 45 minutos do segundo tempo o Juventus perdia por 2 a 1, resultado que garantia o título. Mas justo nesse minuto, o árbitro marcou um pênalti para os visitantes, que fora bem convertido pelo atacante Fausto.

A torcida adversária já fazia a festa, e talvez nem o mais fanático juventino imaginasse alguma reação. Mas o improvável aconteceu; no último minuto, o lateral João Paulo chutou uma bola de fora da área, indefensável para o arqueiro da Linense. O estádio explodiu em festa. O mesmo local que já havia sido palco de brilhantes travessuras e que viu, em 1959, o gol mais bonito de Pelé, dessa vez abrigava torcedores que choravam de emoção por uma vitória que simbolizava a vida difícil e vitoriosa do clube.

Assim é o Juventus. Uma história de dificuldades, escrita através do suor de imigrantes italianos que se instalaram na Mooca, e que com muito ardor constituíram suas famílias e construíram suas vidas na nova pátria.

As raízes do clube estão tão fincadas no bairro, que se torna impossível imaginar um sem o outro. Não se pensa na Mooca sem os bailes da terceira idade, sem os tradicionais jogos de bocha, sem as piscinas lotadas de sócios ou sem os almoços de domingo no restaurante, todos realizados no clube. O time grená também não teria o mesmo charme se estivesse situado em outro lugar. Mooca e Clube  Atlético Juventus se completam de tal forma, que podem ser considerados praticamente partes de um mesmo corpo.