quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Quase finalista

Foto: Reuters

Com um show à parte de sua torcida, que fez bela festa nas arquibancadas do Serra Dourada, o Palmeiras venceu o Goiás por 1 a 0 e, praticamente, se garantiu na final da Copa Sul-Americana.

O gol foi dele, Marcos Assunção, em um chutaço da intermediária.

Felipão, mais uma vez, mostra que é copeiro. O Palmeiras não é brilhante. Longe disso. Mas, encarnada pelo espírito de luta do treinador, a equipe briga o tempo inteiro, não medindo esforços para conseguir bons resultados.

O Goiás, por sua vez, mesmo com o empate diante do Fluminense na última rodada do Brasileiro, é a imagem típica de um time fadado ao rebaixamento.

Quarta-feira próxima é dia de festa no Pacaembu.

Quem tem Messi...


Mesmo derrotado por 1 a 0, o Brasil dominou boa parte do clássico contra os hermanos argentinos.


Victor mostra cada vez mais que tem tudo para ser o goleiro na Copa de 2014.

Daniel Alves é pura correria e disposição. Mais tarde, terá de voltar a disputar a vaga com Maicon, que, por hora, é deixado de lado por Mano.

Gosto muito do Lúcio. Beque a moda antiga, ainda tem qualidade técnica para sair jogando. No entanto, sua idade avançada, aliada ao alto nível demonstrado por Thiago Silva e David Luiz, me faz pensar que a dupla de zaga formada por Lucio e Juan acabou na fatídica derrota para a Holanda.

André Santos também foi bem. Gostaria de ver Marcelo com a 6 do Brasil, só para testar.

Lucas é volante na medida certa. Sabe desarmar, protege bem os zagueiros, mas também sabe o que fazer quando tem a bola nos pés.

Ramirez, na minha opinião, é o ponto negativo dessa seleção. É muita correria para pouca inteligência.

Se outro jogador estivesse no lugar de Ramirez (poderia ser Hernanes, Sandro, Jucilei e até Arouca, se não estivesse machucado), Elias teria mais condições de demonstrar sua qualidade. Mas, como teve que cobrir as subidas de Ramirez, ficou um pouco preso.

Ronaldinho Gaúcho já era. Chega. Pelo menos na Seleção. Volta logo, Ganso.

Robinho é outro que corre muito, mas que decepcionou. E quando digo que decepcionou, não me refiro ao jogo de ontem, mas sim a sua carreira.

Neymar joga bem e, se tiver a cabeça no lugar, pode ser muito mais do que Robinho é hoje.

Jucilei e André jogaram pouco, mas são nomes que agradam. Douglas é bom, mas para clubes. Não deveria ter sido convocado. Pior, perdeu a bola que resultou no gol genial de Messi.

Mano faz ótimo trabalho. É competente e está montando um bom time. Tanto é, que dominou os argentinos durante toda a partida.

Tá certo, ele não ganhou. Mas resultado é o que menos importa quando está se montando um time. Mesmo quando esse time é a Argentina. Mesmo?

ARGENTINA

Claro que não vou analisar toda a equipe da Argentina. Chamo a atenção para apenas dois pontos importantes.

O Brasil foi melhor.

Mas, quem tem Messi, pode se dar ao luxo de ser dominado e, no final, contar com a genialidade de um verdadeiro craque.

Homenagem ao Centenário Corinthians

Abaixo, posto uma matéria que escrevi para uma revista que meu grupo está produzindo na faculdade. Para tal, entrevistei o jornalista e professor Celso Unzelte, maior referência no planeta quando o assunto é Corinthians, e republiquei declarações do Dr. Sócrates, ex-jogador do Timão.

O tema merece um texto bem maior. No entanto, o limite imposto pelas páginas impressas me obrigaram a escrever menos.

Se tiverem tempo, deem uma olhada.

ÉS DO BRASIL O CLUBE MAIS BRASILEIRO
Centenário Corinthians, que nasceu para se opor a elite que dominava o futebol, é um dos poucos clubes grandes com origem humilde
Foto: Ivan Pagliarani
 
Quando o radialista Lauro D’Ávila, em 1951, compôs o hino do Corinthians, talvez ele ainda não tivesse a noção exata de que o final do verso “Corinthians grande, sempre altaneiro. És do Brasil, o clube mais brasileiro” se tornaria tão real. Na época, o alvinegro do Parque São Jorge já era a equipe de futebol mais popular no Estado de São Paulo, no entanto, sua fama ainda era pouco difundida em todo o território nacional. Hoje, depois de quase cinquenta anos que a letra do hino foi escrita, o time que comemorou seu centenário neste ano conta com cerca de 30 milhões de torcedores fiéis não a títulos, craques ou estádio, mas sim a história de luta e garra de um clube que foi construído pelo povo.
  
Trazido da Inglaterra por Charles Muller em 1894, o futebol tinha, até meados da década de 30, seus principais times dominados pela elite. Para defendê-los, os atletas deveriam preencher a dois requisitos básicos: pertencer às altas classes sociais e ser de raça branca. No Corinthians era diferente. O clube foi o primeiro entre os grandes do Estado a banir essa prática, já que, desde sua origem, a única exigência para vestir a camisa alvinegra era demonstrar que tinha amor a ela, seja o jogador branco, negro ou estrangeiro.
 
Origem humilde
O Sport Club Corinthians Paulista, cujo nome homenageia o inglês Corinthian-Casuals - time que excursionou no Brasil durante aquela época e que venceu equipes do Rio de Janeiro e de São Paulo -, foi fundado na noite de 1º de setembro de 1910 por cinco trabalhadores humildes: o sapateiro Rafael Perrone, o motorista Anselmo Correia, o trabalhador braçal Carlos Silva e os pintores de parede Joaquim Ambrósio e Antônio Pereira. Reunidos na esquina da Rua dos Italianos com a José Paulino, iluminados pela luz de um lampião e rodeados por alguns moradores do bairro, dificilmente eles imaginavam a dimensão que aquele ato tomaria.

O único objetivo desses trabalhadores era o de criar uma opção de lazer para os sofridos operários e moradores do bairro. É o que explica o jornalista e historiador Celso Unzelte, que, dentre outras obras, é autor do livro Almanaque do Timão e co-roteirista de Todo Poderoso: O Filme - 100 anos de Timão. “O time nasceu pela vontade inicial de cinco operários do bairro paulistano do Bom Retiro, que de início pretendiam apenas jogar futebol na várzea. No entanto, eles acabaram criando um verdadeiro fenômeno social.” Segundo o jornalista, quase nenhum grande clube brasileiro tem a origem humilde, assim como o Timão. “O Vasco, do ponto de vista da oportunidade dada a jogadores de classes sociais mais humildes, teve um começo no futebol semelhante ao do Corinthians”, explica Unzelte. “Mas, a maioria dos clubes brasileiros, principalmente os maiores, está ligada as altas classes sociais.”
 
Foto: Ivan Pagliarani 
Depois de três anos de bons resultados na várzea e de uma popularização incomum, o Corinthians foi convidado, em 1913, para participar da liga oficial, a Liga Paulista de Foot-Ball, o que significou uma vitória e tanto para o povo.  A mudança, em 1916, para o Parque São Jorge, na região do Tatuapé, Zona Leste de São Paulo, ajudou ainda mais na popularização do clube. “Foi um feliz casamento do clube destinado a ser o mais popular com a região mais populosa de São Paulo”, diz Celso Unzelte.

Sofredor, graças a Deus
Um fator característico do Corinthians e, principalmente de seu torcedor, é o sofrimento. Dentre os quatro grandes de São Paulo (Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo), o Alvinegro é o único que não ganhou uma Taça Libertadores da América. Seu primeiro título de dimensão nacional só aconteceu em 1990, quando conquistou o Campeonato Brasileiro. Além disso, entre 1954 e 1976, o clube não ergueu um troféu sequer. Mesmo assim, a torcida só cresceu. “Nada explica a Fiel Torcida. Na época do jejum de títulos houve uma polarização: quem gostava de futebol para ganhar, torcia por clubes como Santos e Palmeiras. Quem se comovia com o drama corintiano, ficava do lado do Timão. E esses não foram poucos”, conta Unzelte.
 
O ex-jogador Sócrates, que vestiu a camisa alvinegra na década de 80, também tem sua teoria para explicar a Fiel Torcida. “O corintiano é o brasileiro. É aquele que é derrotado em um dia, que ganha no outro, mas que nunca perde o amor pela vida e, neste caso, pelo Corinthians”, afirmou em depoimento ao Todo Poderoso: O Filme - 100 anos de Timão.
 
Política em campo                                             Foto: Globoesporte.com 
O mesmo Sócrates faz parte de um movimento que enche o torcedor alvinegro de orgulho: a Democracia Corintiana. Liderado por ele, Wladimir e Casagrande, no início dos anos 80, o movimento apoiou o voto direto no país e fez com que o clube desse direito aos atletas de opinarem e decidirem sobre todas as ações do departamento de futebol. “Foi uma tentativa de reproduzir no futebol os anseios de liberdade que já vinham ganhando espaço na sociedade brasileira. A Democracia ainda ajudou em uma maior nacionalização do Corinthians, mais fora de campo do que dentro dele, uma vez que não rendeu títulos nacionais”, explica Celso Unzelte. Sócrates define a mensagem que os atletas passaram da seguinte forma: “Conseguimos provar que qualquer sociedade pode e deve ser igualitária e que podemos abrir mão dos nossos poderes e privilégios em prol do bem comum.” 
 
Em sua política interna, assim como o Brasil, o Corinthians também teve momentos nebulosos. Foi assim nas gestões ditatoriais de Wadih Helu (entre 1961 e 1971) e de Alberto Dualib (de 1993 a 2007), que por meio de acordos políticos se perpetuaram durante anos na presidência do clube. Foi durante a gestão de Dualib que foi firmada a parceria com o grupo de investidores MSI (Media Sports Investiment), que levou o clube às páginas policiais e que culminou no rebaixamento, em 2007, para a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro. No entanto, apoiado no lema “Eu nunca vou te abandonar”, criado pela torcida, o clube se reergueu e segue trilhando seu caminho de sofrimento, devoção, mas também de muitas alegrias.
 
MARCAS HISTÓRICAS
 
Primeiro Gol
Luís Fabbi marcou o primeiro gol da história do Alvinegro. Foi na vitória por 2 a 0 em cima do União da Lapa, no dia 14 de setembro de 1910.
 
Maior Artilheiro
Cláudio Christovam de Pinho, ou simplesmente Cláudio, defendeu o clube por 554 partidas (entre 1945 e 1957), balançando as redes por 306 vezes.
 
Recordistas de jogos
O lateral-esquerdo Wladimir vestiu a camisa alvinegra em 806 partidas (de 1972 a 1983), tornando-se o jogador que por mais vezes defendeu o clube.
 
Colecionador de títulos 
Cabe a Marcelinho Carioca o feito de ser o atleta que levantou mais títulos pelo clube. Ao todo, foram dez canecos em oito anos.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Juntos, Adilson e Santos podem se dar bem

Eu sei que Abel Braga era o nome preferido pela maioria dos torcedores santistas. Seu recente currículo vencedor aliado ao estilo boleiro carioca linha dura combina com o alvinegro praiano. Atrás dele na preferência dos torcedores, vinha Paulo Autuori. Bi-campeão da Libertadores (Cruzeiro e São Paulo) e campeão Mundial pelo tricolor paulista, o também carioca parece ter a calma e a liderança ideal para comandar os garotos da Vila Belmiro.

No entanto, o escolhido por Luís Álvaro de Oliveira e sua trupe foi o paranaense Adilson Batista. O ex-zagueiro, que por sinal era bom de bola, teve boas passagens como treinador por Figueirense, Grêmio e Paysandu, até passar duas temporadas no futebol japonês. De lá, voltou para comandar o Cruzeiro em 2008. Os mineiros queriam Mano Menezes, mas como o gaúcho escolheu o então rebaixado Corinthians, acabaram ficando com Adilson.

Lá, ele fez um bom trabalho. Mas, mesmo sendo bi-campeão Mineiro (2008 e 2009), se classificando duas vezes para a Taça Libertadores e ficando com um vice-campeonato na competição mais importante do continente, em 2009, não ficou imune a criticas e ao apelido de Professor Pardal.

ESTILO DE JOGO

Profundo estudioso do futebol, Adilson não gosta que seus times joguem de maneira fixa. Prefere adequar o esquema de acordo com o próximo adversário e não abre mão de jogadores versáteis e velozes. Isso resulta em futebol bonito. Isso, algumas vezes, também resulta em derrotas vexatórias.

Foi assim no Cruzeiro e, principalmente, no Corinthians. O elenco celeste tem jogadores rápidos, versáteis e novos, como gosta o futuro comandante santista. O Corinthians não. Seus experientes atletas primam pela posse de bola e pela paciência de encontrar o momento certo de atacar. A incompatibilidade de filosofia de jogo e os desfalques foram os principais motivos que derrubaram Adilson no Timão.

Já o elenco do Santos tem um estilo que casa com o do treinador, que quando jogou no Grêmio, em 95, recebeu o apelido de Capitão América (ele ergueu a taça do segundo título gremista na Libertadores). A mesma taça é o sonho do Santos para a próxima temporada. "Queremos a terceira estrela", costuma dizer o presidente Luís Alvaro.


O único problema do Santos é a inconsistência defensiva. A dupla de zaga é boa, porém pesada. Precisa de um cão de guarda que lhe dê segurança, assim como Edinho faz no Palmeiras de Felipão, Ralf faz no Corinthians e Guiñazu faz no Inter campeão da América.

Adilson teve tempo para pensar e deve ter refletido bem sobre os motivos que o tiraram do Corinthians. Ele ainda é um treinador em maturação e tem muito a evoluir. Seu estilo de jogo favorece o futebol bonito. E qual é o time brasilero com o futebol mais bonito em 2010? Justamente o clube que Adilson irá treinar em 2011.

Se ele conseguir dar consistência defensiva e padronizar um pouco mais o estilo de jogo de suas equipes, tem tudo para dar a volta por cima na baixada, com o perdão do trocadilho.

Sobre o pênalti de Gil em Ronaldo

                                Foto: Ricardo Trida (Agência Estado)

Quando Ronaldo caiu e o árbitro Sandro Meira Ricci levou o apito à boca para assinalar a penalidade, pensei: “eu não marcaria”.

Depois, revendo o lance em diversos ângulos e lendo e ouvindo alguns comentários, me convenci de que foi pênalti. Daqueles que se o juiz apita, o perdedor chora. Daqueles que se o apitador não marca, o que caiu também chora. Mas que foi pênalti, foi.

O ótimo Paulo Calçade é um dos que melhores mostraram o porquê do Ricci ter marcado a falta. O texto postado em seu blog é curto. Clique e leia.

Juca Kfouri, um jornalista de idoneidade acima de qualquer suspeita, também trata do assunto. Leia o que ele escreveu.

Felipão e Carpegiani, treinadores dos maiores rivais, também dariam. As matéria foram publicadas no Globo Esporte.com.

OS CONTRÁRIOS

Os também ótimos jornalistas esportivos Mauro Cezar Pereira e Victor Birner são contrários a marcação do pênalti. No entanto, como pode ser percebido nos textos linkados nos nomes deles, o que eles questionam é a regra que rege o futebol e não a marcação em si. Até porque, no texto do Calçade, a regra que dá respaldo a marcação do árbitro é devidamente reproduzida e esclarecida.

RECLAMAÇÕES DOS CELESTES



Os mineiros têm razão quando reclamam dos impedimentos mal assinalados ainda no primeiro tempo. No entanto, ao meu modo de ver, não houve nenhuma falta dentro da área que justificasse a marcação da penalidade a favor do time comandado pelo taticamente competente e emocionalmente desequilibrado Cuca.

Nos lances que envolveram Thiago Ribeiro e Julio Cesar, não existe falta. No primeiro, o atacante cruzeirense se joga. No segundo, Julio espalma a bola e só depois se choca com Thiago, em um lance absolutamente comum.

Já na jogada que envolve William e Thiago Ribeiro, o beque foi preciso. Deu um toquinho na bola que acelerou o ritmo da mesma e Thiago Ribeiro, olhando para a o gol e ciente de que a redonda ainda estava em seus pés, chutou o ar e caiu.