sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Reféns do plim-plim

O jornalista Paulo Calçade revelou no seu blog, no início dessa semana (para ler clique aqui), que a Globo Esporte - braço esportivo da Rede Globo - enviou para os clubes uma proposta de mudança no sistema de disputa do Brasileirão.

A proposta prega o fim dos pontos corridos e pede a volta do antigo mata-mata. A diferença é que, ao invés de 8 classificados para a fase final, agora se classificariam somente os 4 primeiros, que disputariam as semis finais já garantidos na Libertadores.

Quando li o texto de Calçade fiquei meio perdido. Acompanhem o meu raciocinio: o Campeonato Brasileiro é organizado pela CBF, que é a Confederação a qual todos os times do futebol brasileiro são filiados. A Rede Globo é uma mega empresa de comunicação, que para ter mais audiência, e consequentemente mais dinheiro de patrocinadores, compra os direitos de transmissão dos campeonato organizados pela CBF. Uma parte do dinheiro da compra dos direitos de transmissão vai para o organizador, ou seja, vai para os cofres da CBF. Outra parte, que é bem salgada, vai direto para os clubes, que sedem a sua imagem.

Portanto, a Globo é cliente do futebol, pois ele gera lucros a emissora. Ou seja, a emissora da família Marinho depende do futebol, certo?

Mais ou menos.

Se os clubes fossem bem geridos e não dependessem tanto da grana da Globo, aí sim eu estaria certo. O mesmo acontece com a CBF, que também é refém dessa situação.

A Globo precisa, sim, do futebol para obter grande parte do seu lucro. Mas os clubes e a CBF dependem muito mais da grana global para sobreviver.

É por esse motivo que uma empresa de comunicação - que deveria pensar em maneiras de se comunicar melhor, de melhorar a qualidade do seu serviço, de fiscalizar os atos politicos - tem a ousadia de tentar interferir no modo de disputa de um campeonato de futebol.

Os valores são totalmente invertidos.

Em tempos de uma discussão favorável a adequação do nosso calendário ao europeu, que diminuiria o êxodo de jogadores no meio da temporada, temos um dos maiores passos do nosso futebol nos últimos tempos - que foi a disputa da nossa liga em pontos corridos - ameaçado pela volta do arcaico mata-mata, que não dá o título ao time que melhor se preparou para a temporada.

Definitivamente, o retorno do mata-mata seria um grande passo para trás.

O CERCO SE AFUNILA

Já incomodado com a situação citada, acompanhei os informativos esportivos pela Globo e pelo Sportv, que pertence a Globosat. E desde a quarta feira, notei que eles mudaram o estilo de filmagem.

Agora, durante as coletivas, a imagem fica afastada, deixando o entrevistado bem distante. Vocês repararam? Se não perceberam, prestem atenção, pois isso tem um objetivo.

Os clubes colocam painéis com os logos dos seus patrocinadores atrás dos entrevistados. Antes, para tentar não divulgar os patrocinadores dos clubes, a referida emissora passou a fechar a imagem das entrevistas, onde ficava quase impossível ver os patrocinadores dos times.

Vendo isso, os clubes diminuiram os logos dos patrocinios e também passaram a estampalos nos microfones da bancada de coletiva.

E foi por isso que a Globo passou a abrir a imagem, deixando os entrevistados bem longe - ao ponto de não conseguirmos notar as expressões dos mesmos - e, consequantemente, as pequenas marcas dos patrocinios impossíveis de serem decifradas.

Não é estranho que a Globo, na semana que enviou essa proposta maluca para os clubes, tenha tomado a atitude de mudar o ângulo de filmagens para não divulgar outro grande mantenedor dos clubes, que são os patrocinios?

Ficou clara, mais uma vez, a tentativa de tornar os clubes cada vez mais reféns de um único poder. O da Globo!

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